Terceira idade: é preciso cuidar e amar…

Terceira idade: é preciso cuidar e amar…

 

Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice.

Platão

 

No ano de 2019, o Colégio Plínio leite definiu o seu Projeto direcionador, pensando no homem e em sua
vida. Criamos o PROJETO DIRECIONADOR – O homem e o tempo: ética, democracia e cidadania da
infância a terceira idade. Nessa proposta, temos valorizado a infância e a terceira idade e temos ao longo
do ano, pautado algumas de nossas propostas, baseados nessa temática.

Assim, nesse Plínio Leite Conversa de Junho/julho, decidimos falar sobre a pessoa idosa. Não por
coincidência! É que no dia 15 de junho comemorou-se o Dia Mundial da Conscientização da Violência
contra a Pessoa Idosa. A data, instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede
Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, tem o objetivo de criar uma consciência mundial,
social e política da existência da violência contra a pessoa idosa.

Todos os dias, pessoas com mais de 60 anos sofrem algum tipo de violência por sua idade, seja ela física,
psicológica, patrimonial ou mesmo negligência. Em 2018, o Disque 100, registrou um crescimento da violência de
13% em relação ao ano anterior. O pior de tudo é que o balanço divulgado pelo Ministério da Mulher, Família e
Direitos Humanos mostra que 52,9% dos casos de violação dos direitos dos idosos foram cometidos pelos filhos,
seguidos dos netos, com 7,8% dos casos. A casa da vítima aparece como o local de maior evidência de violação
em 85,6% das ocorrências. Isso mesmo, a maior incidência de violência contra os idosos acontece dentro de casa!

Os tipos de violência contra o idoso mais frequentes são as negligências (38%), violência psicológica
(xingamentos, humilhação e hostilização) com 26,5% dos casos e abuso financeiro e econômico com 19,9% das
situações. A quarta maior recorrência se refere à violência física (12,6%). É importante lembrar que geralmente as
denúncias são agrupadas com mais de um tipo de violação, isto é, uma mesma vítima pode sofrer várias dessas
agressões.

A terapeuta ocupacional Mariela Besse, presidente do departamento de gerontologia da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG – SP) explica que os idosos têm medo e vergonha de fazer a denúncia,
principalmente se o agressor está dentro de casa. Ainda mais se for o filho, a filha, a nora, o genro ou o neto.
Quando há uma íntima relação de proximidade entre a vítima e o agressor, é difícil romper a cadeia de violência.
Diante desse quadro, o idoso poderá ter reações de medo, vergonha ou culpa pelo fracasso das relações afetivas.
Essa é a razão para muitos não levarem o caso a público.

Nesse caso, a informação e a prevenção são os melhores antídotos. “Não podemos concordar que seja normal
pessoas terem seus direitos violados. Avançaremos não permitindo a naturalização da violência nas suas mais
diversas manifestações, protestando em todos os sentidos, até mesmo no transporte coletivo, quando um idoso
for maltratado por um passageiro ou por um motorista, por exemplo” explica Mariela.

Há algumas formas de trabalhar para prevenir como empoderar o idoso, para que ele conheça seus direitos,
tenha voz ativa e se defenda e também fazer cada vez mais campanhas de conscientização para levar
informações e orientações sobre o que é violência contra os idosos, que isso não é normal e que há, sim,
punição, porque isso é um crime.

É enorme o número de pessoas com mais de 60 anos que sofrem calados nos seus lares, vítimas de violência
psicológica, física, privação de alimento, abandono, negligência e tantas outras formas, por isso temos de
assumir o compromisso público pela dignidade e pela defesa dos direitos, rompendo o pacto do silêncio que
existe em relação à violência contra a pessoa idosa.

 

A SEGUIR, ALGUNS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO.

 

Violência física: é o uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não
desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou morte.

Violência psicológica: corresponde a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, humilhar,
restringir a liberdade ou isolar do convívio social.

Abandono: é uma de violência contra o idoso que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis
governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção
e assistência.

Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos
responsáveis familiares ou institucionais. É uma das formas de violência mais presentes no país. Ela se manifesta
frequentemente associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em
particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.

Violência financeira ou econômica: consiste na exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não consentido pela
pessoa idosa de seus recursos financeiros e patrimoniais.

Violência medicamentosa: é administração por familiares, cuidadores e profissionais dos medicamentos
prescritos, de forma indevida, aumentando, diminuindo ou excluindo os medicamentos.

Violência emocional e social: refere-se a agressão verbal crônica, incluindo palavras depreciativas que possam
desrespeitar a identidade, a dignidade e a autoestima. Caracteriza-se pela falta de respeito à intimidade, falta de
respeito aos desejos, negação do acesso a amizades, desatenção a necessidades sociais e de saúde.

 

 

Fonte: https://institutomongeralaegon.org/longevidade-e-cidades/direitos-e-cidadania/junho-violeta